APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS

A origem da Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning – PBL), teve a sua primeira experiência em 1960, e teve como precursor Howard Barrows, médico e professor de Medicina no Canadá, ao utilizar este método nas suas aulas. No entanto, só início da década de 80 do século 20, é que o método foi reconhecido e implementado nas mais diversas áreas.

A razão do sucesso, originado por Barrows, ao ponto deste método ser replicado no ensino nas mais diversas áreas do conhecimento, está nos problemas apresentados, que motivam os estudantes, na descoberta de novas áreas do saber, estimulando a criatividade, incentivando o pensamento crítico, fomentando a capacidade de trabalho de grupo, gestão de recursos e de decisão.

Para Delisle (2000), a utilização da resolução de problemas deverá basear-se em atividades focadas na pesquisa, em que o professor tem o papel de orientador, levando os estudantes a analisarem qualitativamente a situação problemática e a tratar a informação pesquisada com vista à resolução, tornando o processo mais claro.

O sucesso desta metodologia, deve-se ao processo de aprendizagem cooperativa, que estimula a exploração de ideias alternativas, incrementando a capacidade argumentativa na discussão das ideias e promove a mudança conceptual, sendo a construção do conhecimento realizado à medida de cada um.

Este método de aprendizagem incentiva o desenvolvimento do método científico na formulação e valorização de hipóteses, na utilização de diferentes estratégias que permitem testar as hipóteses, na atitude crítica e criativa no desenvolvimento das estratégias, e por fim na discussão dos resultados obtidos.

O desenvolvimento da comunicação verbal, é um aspeto relevante, assim como a monitorização, todos os estudantes estão envolvidos em todas as fases dos processos de resolução.

Figura: Fases da Metodologia Baseada em Problemas  

Fonte: Fases da Metodologia Baseada em Problemas (Berbel, 1998)

É um método de ensino que se baseia na realização de atividades guiadas, com o objetivo de preparar os estudantes na resolução de questões do mundo real.

Nesta estratégia, o protagonista na aula, é o estudante, o professor é o responsável por orientar o estudante na procurar de novos conhecimentos.

Na tabela seguinte, podemos verificar alguns dos principais propósitos da Aprendizagem Baseada em Problemas, a nível do conteúdo, atividades, condições, resultados e como estes são diferentes do plano de ensino tradicional, destacando-se pela criatividade e inovação.

Tabela:  Conteúdos, atividades, condições e resultados da ABP.

Conteúdo
  • Problemas apresentados em toda a sua complexidade.
  • Os estudantes procuram relações interdisciplinares entre as ideias.
  • Os estudantes confrontam-se com a ambiguidade, a complexidade e a imprevisibilidade.
  • Questões do mundo real com que os estudantes se preocupam.
Atividades
  • Os estudantes desenvolvem trabalhos de pesquisa multifacetada, por longos períodos de tempo.
  • Deparam-se com obstáculos, procuram recursos e resolvem problemas em resposta a um desafio.
  • Os estudantes estabelecem as suas próprias relações entre ideias e adquirem novas competências à medida que trabalham em diferentes tarefas.
  • Os estudantes usam materiais autênticos (por exemplo: recursos da vida real e tecnologias).
  • Recebem feedback acerca do valor das suas ideias, desde fontes especializadas a testes objetivos.
Condições
  • Os estudantes integram-se num grupo de pesquisa e desenvolvem trabalho em contexto social.
  • Os estudantes são chamados a evidenciar capacidades de gestão de tarefas e de tempo quer individualmente quer em grupo.
  • Os estudantes conduzem o seu próprio trabalho e monitorizam a sua própria aprendizagem.
Resultados
  • Os estudantes geram produtos intelectuais complexos que demonstram a sua aprendizagem.
  • Os estudantes participam na sua própria avaliação.
  • Os estudantes decidem como demonstrarão a sua competência.
  • Os estudantes mostram desenvolvimento em diversas áreas, importantes para o mundo real: competências sociais, de vida, de autogestão e apetência param serem autodidatas.

A Aprendizagem Baseada em Problemas, tem por objetivo a construção de conhecimento por intermédio de um trabalho longo e contínuo de estudo, cujo propósito é responder a um desafio ou a um problema.

Este método, une o processo de ensino e a prática, tornando-os inseparáveis, ao ser aplicada envolve-se a exploração do contexto e o desenvolvimento de ideias a partir do conhecimento e a comunicação entre pares.

Assim sendo, os objetivos, passam por conferir aos estudantes uma base de conhecimentos essenciais, mas também terem capacidade para utilizar de forma eficaz, os conhecimentos na resolução de problemas, independentemente do contexto, isto é, dentro ou fora da escola, e terem a capacidade para alargar ou aperfeiçoar esse conhecimento, desenvolvendo estratégias para lidar com problemas no futuro.

Figura: Objetivos da Aprendizagem Baseada em Problemas

Fonte: Processo dos objetivos da Aprendizagem Baseada em Problemas (Delisle, 2000)

O tempo de “trabalho”, pode variar de poucas semanas a um semestre, mas, normalmente, é longo. Durante esse período, os estudantes dedicam maior atenção aos seus projetos enquanto procuram soluções para problemas.

Pretende-se que os estudantes, não só desenvolvam competências, como construam os seus conhecimentos e trabalhem de maneira colaborativa.

 

Pilares da Metodologia

 A Aprendizagem Baseada em Problemas baseia-se nos seguintes pilares:

  • Organização por temas em torno de problemas e não de disciplinas;
  • Integração interdisciplinar;
  • Combinação entre teoria e prática, com a aplicação do conhecimento para a solução de problemas, o objetivo é tornar a aprendizagem mais dinâmica fazendo com que o estudante aprenda as bases teóricas e que realize a parte prática;
  • Ênfase no desenvolvimento cognitivo;
  • Abordagem centrada no estudante.

 

Aplicação prática do modelo Aprendizagem Baseada em Problemas

Na Aprendizagem Baseada em Problemas, o professor não deve expor todo o conteúdo de ensino planeado, isto é, pretende-se que em seguida, a turma inicie os trabalhos de pesquisa.

Os estudantes têm de procurar os materiais e conhecimentos para alcançarem os objetivos formulados.

O papel do professor, é visto como um orientador, interagindo e colaborando pontualmente com os estudantes, deste modo, para uma mesma questão inicial, os grupos que se formam podem alcançar respostas e resultados distintos, podendo, inclusive, acrescentar conhecimentos diferentes e complementares uns aos outros.

 

Etapas da aprendizagem

O método é formado por três grandes etapas:

  1. O problema – perceber o problema, surge através da interação dos estudantes;
  2. Conflito cognitivo – o conflito cognitivo deve existir, pois é ele que estimula a aprendizagem;
  3. Resolução do problema – o conhecimento ocorre com o reconhecimento e validação da interpretação dos vários intervenientes sobre o mesmo fenómeno.

Esta metodologia, incentiva o trabalho em equipa e a interação entre os envolvidos ao simular situações do quotidiano.

Para a aplicação da metodologia é preciso, que o professor apresente problemas que fazem parte do dia a dia. Tais problemas, devem ser resolvidos através do conhecimento dos conceitos teóricos que foram, ou que ainda estão a ser estudados.

 

Trabalhar com a metodologia

A metodologia estrutura o ensino, apresentando problemas complexos que devem ser resolvidos em etapas.

Os projetos práticos fazem os estudantes utilizarem diversos tipos de conhecimento e ferramentas para chegar a uma solução, tais como: dedução lógica, tentativa e erro, aprendizagem interativa e pesquisa.

Por serem atividades mais complexas, o professore deve formar grupos, os elementos dos grupos criados devem ter conhecimentos diferentes, de modo, a que seja incentivado o trabalho em equipa.

É importante a integração do professor e que os projetos sejam multidisciplinares.

Cada professor, deve encontrar formas de abordar as matérias no projecto. Por sua vez, as avaliações devem utilizar critérios específicos, de modo a validar os objetivos educacionais. Para sintetizar o conhecimento, os estudantes podem criar relatórios sobre a experiência.

É importante definir os critérios que avaliem as discussões em grupos, como:

  • Capacidade de ouvir os estudantes;
  • Capacidade de dar “espaço” a todos os participantes;
  • Execução do projeto e a sua apresentação.

 

 

Plano de Aula

1. Preparação da Aula

Esta metodologia, requer a preparação e planeamento antes da execução das atividades propostas (ver anexo). O professor deve dar maior importância às competências básicas necessárias do que no seu conteúdo.

A primeira fase terá que passar sobre quais as questões a colocar, tendo por base os conteúdos que os estudantes têm maior dificuldade, que tipo de produto deve ser utilizado por forma a melhorar a compreensão dos estudantes, esta é uma fase fundamental – onde tudo começa.

2. Definição do Problema

Nesse passo o professor contextualiza o problema aos estudantes, esta fase precisa do envolvimento dos estudantes.

O objetivo é definir o problema central a ser resolvido pelos estudantes. O professor deve formular uma questão de orientação que seja complexa, mas passível de ser resolvida pelos estudantes.

A resolução não deve ser rápida, deve ser instigante e suscitar um debate inicial, para que o professor consiga mensurar o nível de conhecimento que a turma tem sobre o assunto.

3. Análise do Problema

O professor ajuda os estudantes a identificar o que sabem, o que precisam saber e a definir quais são suas ideias sobre o tema.

 São realizadas as primeiras discussões, a fim de encontrar o conhecimento básico necessário para resolver o problema.

Os estudantes precisam refletir sobre as suas experiências, para poderem construir a sua própria compreensão do problema.

4. O Problema

Os estudantes identificam o problema a partir da sua perspetiva, o professor deve incentivar a elaboração de perguntas que serão futuramente discutidas pelo grupo.

5. Pesquisa e Partilha

Os estudantes são participantes ativos no processo de resolução de problemas. Nessa fase, a turma é dividida em grupos e cada membro deve ter uma tarefa.

Os membros dos grupos pesquisam soluções para o problema e partilham o resultado uns com os outros. Esta é a parte mais longa e o professor deve agir como um facilitador do processo e não como uma autoridade.

Nesta fase, pode-se aplicar alguma metodologia do ensino híbrido para dividir a sala em grupos mais eficientes.

6. Gestão de Soluções

Nesta etapa, os estudantes dentro dos seus grupos reúnem o máximo de soluções que conseguirem encontrar para o problema. Quando todos terminarem é necessário partilhar as soluções com à turma. 

7. A melhor Solução

Depois de todas as soluções terem sido partilhadas e entendidas, é necessário determinar a solução que melhor se encaixa para resolver o problema apresentado. Cada resolução deverá ser fundamentada com os seus prós, contras.

8. Apresentação da Solução

Os estudantes apresentam as suas soluções através de painéis de discussão, apresentações multimédia, vídeos, etc. Esta é uma componente importante da Aprendizagem Baseada em Problemas, em que todos podem apresentar as soluções.

9. Discussão e Avaliação do Processo

Nesta fase, é necessário realizar uma crítica ao processo, vai permitir pensar sobre o que funcionou bem e o que poderia ser melhorado para uma próxima atividade.

Estimula-se a autocrítica, fazendo o estudante pensar nas suas ações e atitudes em relação ao problema proposto.

É importante que o professor realize avaliações dos estudantes para que eles possam avaliar o seu desempenho e analisar o que é preciso melhorar. Cada estudante deve realizar a autoavaliação.

O professor e os estudantes, devem refletir sobre o processo para sintetizar novos conhecimentos. Essa reflexão também pode ser feita por meio de uma discussão em grupo, de modo que todos contribuam com ela e aprendam uns com os outros.

 

Resumo das Fases

 Figura: Resumo das Fases

Vantagens do Modelo

Esta metodologia, auxilia no desenvolvimento de uma série de competências e habilidades que são fundamentais para o estudante:

  • Independente
  • Maior dinamismo
  • Trabalho em equipa
  • Interdisciplinaridade
  • Comunicação
  • Raciocínio lógico
  • Criatividade
  • Pensamento reflexivo
  • Uso de diferentes recursos tecnológicos
  • Mensuração e o controle de tempo
  • Resiliência
  • Pesquisa, criatividade e inovação

 

A Aprendizagem Baseada em Problemas, permite que os resultados de um projeto concreto sejam compartilhados, debatidos e analisados, isso poderá gerar novas ideias que conduzirão a outras questões e projetos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Berbel, N. A. (v.2, n.2 de 1998). A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface – Comunicação, Saúde e Educação, pp. 139-154.

Delisle, R. (2000). Como realizar a aprendizagem baseada em problemas. Porto: ASA.

 

Webgrafia

Aprendizagem Baseada em Projetos: tudo o que você precisa saber

www.bie.org

https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-baseada-em-problemas

https://novosestudantes.com.br/aprendizagem-baseada-em-problemas

Como trabalhar com aprendizagem baseada em problemas (PBL)?

Este guia visa ser um elemento facilitador aos docentes no processo de implementação das metodologias ativas de ensino e aprendizagem, sem a pretensão de abranger profundamente a temática teórica das metodologias, direcionado para o sentido prático do “saber fazer” como uma ferramenta útil que indique de forma clara e objetiva, os procedimentos essenciais para implementar as metodologias ativas.

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